Como se sabe, o crime organizado especial, quer pelas associações mafiosas quer pelas organizações terroristas, busca difundir o medo na população. E realiza isso por meio de ações espetaculares.
No Rio de Janeiro, as associações delinquenciais de matriz mafiosa formaram, com a união de facções e milícias, uma “confederação criminal” para agir em represália à expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e resolveram exibir os músculos. Essa confederação criminal é formada pelo Comando Vermelho (CV), Amigos dos Amigos (ADA) e Milícias ( organização paramilitar).
Internacionalmente, a mais conhecida formação em “confederação criminal” (quando facções rivais se unem e promovem, nos centros de grande concentração urbana, ações contra as forças de ordem e a população) é a Camorra campana (região meridional da Campânia).
A Camorra é formada por uma miríade de facções que levam o nome dos locais onde controlam territórios e a comunidade (Casal di Principe = Camorra casalese). Esse tipo de organização não tem órgão de cúpula, de governo: são horizontalizadas, independentes. Mas, os capi (líderes das facções independentes) se unem em confederação quando querem atacar o Estado e aterrorizar os cidadãos.
Em Nápoles, a Camorra controla os populosos bairros de Scampia e Secongiliano. Nessas ações difusoras de temor, o crime organizado procura sempre exibir um “cadáver excelente” (cadaveri eccelenti). A expressão foi usada pelo saudoso escritor siciliano Leonardo Sciascia. No Rio de Janeiro já existe um “cadáver excelente”, o crime organizado matou um jovem inocente, de 14 anos.
A tática empregada é a de guerrilha urbana, que se caracteriza por ataques surpreendentes, num espaço amplo, a abranger regiões norte, sul, leste e oeste.
A confederação criminal fluminense emprega método terrorista, mas não se confunde com as organizações terroristas, cuja ideologia não é o lucro. E a violência eversiva, como sucede com a Al-Qaeda, tem escopo político de desestabilização transnacional.
No Rio de Janeiro, por ordem de líderes não devidamente isolados em presídios de segurança máxima, as ações em curso, como destacado acima, são em represália à política de implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). As retomadas de territórios e do controle social pelo Estado abalaram e desfalcaram financeiramente as facções criminosas, quer do Comando Vermelho (CV), quer dos Amigos dos Amigos (ADA).
Como se sabe, ocorreram deslocamentos de várias facções para o Complexo do Alemão e para Vila Cruzeiro. Economicamente, os membros das facções instaladas no Complexo do Alemão e em Vila Cruzeiro passaram a ter a concorrência dos migrantes.
Nenhuma organização pré-mafiosa ou mafiosa, como Comando Vermelho, Primeiro Comando de São Paulo, Amigos dos Amigos, Camorra, ‘Ndrangheta, Cosa Nostra, Sacra Corona Unita, Tríades Chinesas, Lobos Cinzas turcos etc, consegue, dada a reação dos Estados, manter permanentes ataques.
Como regra, as organizações criminosas pré-mafiosas, logo depois de uma série de coordenados ataques espetaculares costumam submergir, mergulhar.
A prática comum é mergulhar e fingirem-se de vencidos. Isto até que o Estado saia da “prontidão” e os cidadãos voltem à rotina. Depois desse relaxamento das forças de ordem, o crime organizado sempre volta a atacar. Salvo se as metas forem atingidas: em São Paulo, nos mais de 200 ataques do PCC ocorridos a partir de maio de 2006, houve um acordo espúrio com os órgão governamentais de segurança pública.
PANO RÁPIDO. Espera-se que o governo do Rio não negocie com a criminalidade e agilize a implantação das UPPs.
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