A prova de Fórmula 1 pelas ruas do principado de Mônaco é a mais charmosa do automobilismo mundial. O lugar é cinematográfico: a encosta é pontuada por prédios e construções milionárias, não menos caras que as embarcações atracadas no porto para ver os carros voarem pelas ruas estreitas e cheias de curvas do circuito. Em dias normais, circulam por ali os modelos mais caros do planeta em quatro rodas.
Como paradoxo de tanto luxo e charme, o GP é um dos que tem menos condições de acomodar com algum conforto quem estiver envolvido com a Fórmula 1 de alguma maneira. A prova só nunca teve segredos nem dificuldades para o tricampeão Ayrton Senna, vencedor por seis vezes (1987, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993) - intimidade mesmo, pois morava a poucos metros de onde passava voando com seu carro.
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A determinação para dar melhores condições a todos, sejam equipes, torcedores e imprensa, em muitas vezes esbarra no fato de o principado ter menos de 2 quilômetros quadrados e população de 30.000 habitantes. Para assistir ao GP é preciso se hospedar fora de Mônaco, muitas vezes em cidades a até 60 quilômetros de distância. O melhor jeito de ir e vir é de trem. Um quarto dentro de Mônaco é muito caro – além de praticamente impossível de se conseguir, em função da população flutuante que aparece para a corrida.
Se por um lado a visão se restringe a poucos pontos da pista na maioria das arquibancadas, por outro passa uma emoção única aos fãs, pois há trechos em que se pode ficar a poucos metros dos carros, ou em locais bem acima – e em cima – do nível da pista, com uma visão incomum.
Mas é um lugar ruim para matar a fome: os preços são altos e não há locais próximos em que se pode fazer uma refeição decente. Ou se caminha muito, e para cima, ou o pedido por um sanduíche pode ser feito perto da arquibancada, a preços que passam dos 15 euros – e com qualidade duvidosa. Outra opção pode ser um dos cafés também na parte de cima da cidade, mas dependendo da localização isso pode demandar uma boa caminhada.
Na maior parte a passagem a outros pontos é fechada, o espaço para os boxes é reduzido, apertado e muitas vezes adaptado e quase improvisado. A sala de imprensa muitas vezes foi instalada num prédio comercial, no lado oposto ao destinado aos boxes, um terror para jornalistas e fotógrafos: se acontece algo de diferente, a caminhada ao local é um martírio.
Mas também há algumas atrações: pelas ruas, um desfile de Ferraris, Lamborghinis, Porsches e todos os últimos superesportivos ou modelos de luxo mais recentes do planeta. O charme das construções mais antigas do principado, o cassino, clubes, restaurantes, atrizes, milionários, princesas...
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