Um tiro de três, uma bandeja, uma enterrada, um punhado de passes de costas e uma avalanche de 49 pontos em dez minutos. Em apenas um quarto na noite de quinta-feira, a seleção americana transformou a Nigéria em terra arrasada e fez um estrago que começou a respingar lá atrás, em 1988. Mais especificamente no 23 de setembro dos Jogos de Seul, quando o Brasil de Oscar Schmidt massacrou o Egito por 138 a 85. Era o recorde de pontos do basquete em Olimpíadas. Era. Foi. Evaporou. Quando os astros da NBA decidem que é dia de jogar sério, não há recorde que fique de pé. Três quartos depois daqueles 49, a vitória arrasadora por 156 a 73 saiu direto da Arena em Londres para a história do esporte.
Cento e cinquenta e seis pontos. Nunca ninguém chegou tão longe, e fica difícil imaginar que alguém um dia chegará - a não ser a própria seleção americana, que ainda jogará cinco vezes em Londres.
Com astros do calibre de LeBron James e Kobe Bryant em quadra, coube a um coadjuvante a honra de quebrar o recorde. A 4m37s do fim, Andre Iguodala recebeu a bola na direita e chutou de três. Foi apenas um dos 29 tiros de três certeiros dos americanos na partida. E estava feita a história.
- Nós arremessamos melhor do que qualquer time em qualquer jogo em que eu já estive. Nossos jogadores simplesmente não conseguiam errar. É muito difícil perder jogando dessa forma. Espero que tenhamos economizado um pouco para as próximas partidas - afirmou o técnico americano Mike Krzyzewski após o duelo, com a mesma expressão serena de sempre, sem esboçar um sorriso.
Enquanto Coach K tentava evitar a euforia após o triunfo, o técnico da Nigéria não encontrou outra saída a não ser a do bom humor. Elogiou o adversário, admitiu que sua seleção cometeu erros demais e arrancou risadas ao falar sobre o treinador rival.
- Coach K é um dos grandes modelos para a minha carreira. Informação que ele pode querer renegar depois desse jogo - afirmou Ayodele Bakare.
Como se não bastasse a marca dos pontos, a seleção americana enfileirou outros recordes para o país nos Jogos: Carmelo Anthony, com 37 pontos, tornou-se o maior cestinha da equipe em uma partida de Olimpíadas, sem falar nas melhores performances coletivas de arremessos (81% nos chutes de dois e 63% nos de três) e as incríveis 41 assistências. De quebra, o time superou o Dream Team original de 1992, que tinha feito no máximo 127 pontos num jogo.
Em 1988, Brasil arrasou o Egito
Vinte e quatro anos atrás, na fase de grupos dos Jogos de Seul, o Brasil chegou ao recorde que durou até a noite desta quinta-feira. A vitória por 138 a 85 veio numa época em que o basquete era outro, dividido em dois tempos de 20 minutos em vez dos quatro quartos de hoje. O arremesso de três estava em vigor na Fiba havia apenas quatro anos, e as equipes ainda buscavam se adaptar. Oscar foi o cestinha da seleção naquela partida com 39 pontos, dois a mais que a marca pessoal de Carmelo. Marcel foi o coadjuvante com 22, enquanto Gerson pegou nove rebotes e Maury distribuiu 11 assistências - o Brasil teve 26 passes no total, bem menos que os 41 dos EUA contra a Nigéria.
GLOBO.COM
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