Inacreditavelmente, no último dia de competições dos Jogos de Londres, o time masculino de voleibol do Brasil presenteou a Rússia com um ouro que já parecia guardado na gaveta. Venceu o primeiro set por 25-19, o segundo por 25-20, chegou a ter dois match points no terceiro – mas sucumbiu a uma reação impressionante da velha rival.
Desabou no terceiro set, 27-29. O elenco de Bernardo Rezende já não dispunha de Leandro Vissoto, contundido. Também se desnorteou com a lesão do indispensável Dante. Daí em diante, após algumas mudanças na estruturação do seu sexteto em quadra, a Rússia revirou a situação: 25-22 no quarto set, 15-9 no quinto set. Deu Rússia, 3 X 2.
Bernardinho, que já possuía uma prata como jogador, Jogos de Los Angeles/1984, simbolicamente coletou a sua quinta medalha como treinador: uma de ouro, duas de prata, duas de bronze.
Simbolicamente porque treinador não recebe o objeto de fato. Pena, somente, que, nas três últimas edições dos Jogos, ele tenha se limitado ao segundo lugar.
Descartadas as possibilidades de Rubens Valeriano, o Rubinho, na prova de Mountain Bike (foi o 24º classificado entre 50 inscritos), o País teve mais duas chances de medalha no domingo.
Na Maratona do Atletismo, se portaram muito bem Marílson dos Santos (5ª colocação), Paulo Roberto de Almeida (8º posto) e Franck Caldeira (13ª posição).
Enfim, ocorreu, também, a competição do Pentatlo Moderno para mulheres, com a participação de Yane Marques. Uma pernambucana de Afogados da Ingazeira, 28 anos de idade, Yane chegou a Londres como a quinta colocada no ranking mundial. Mas, no conjunto das quatro provas iniciais da sua difícil batalha, ela sumariamente se superou.
Sexta na esgrima, 21 X 14 em 35 duelos, registrou 904 pontos. Também sexta na natação, registrou 1.212 pontos e assumiu a segunda posição no geral com 2116. Na equitação, ficou com o nono lugar, 1152 – mas, na soma dos pontos subiu a 3268, como primeira colocada.
Verdade que, no mesmo patamar, se localizou a lituana Laura Asadauskaite, líder do ranking. Ambas partiriam juntinhas para o evento combinado, uma mescla de 3.000m de corrida e três estações de tiro de pistola. Cada atleta precisa acertar o alvo cinco vezes para continuar a sua corrida. Mistura de vigor físico e de concentração.
Graças à sua excelente pontaria, a pernambucana completou a rodada inaugural bem na frente, mais de dez segundos. A lituana, porém, soube como se recuperar. Depois da segunda parada, de novo Yane saiu à frente. Com uma folga bem menor, insuficiente, porém.
Mesmo afogueada, Asadauskaite ficou com o ouro. A brasileira ainda permitiu a ultrapassagem da britânica Sam Murray. De todo modo, conhecida exclusivamente nos meios mais íntimos do esporte no País, Yane levantou um bronze ineditíssimo para o Brasil. Maravilha.
De novo, a doce glória dos humildes. Um bronze épico.
SILVIO LANCELLOTTI / R7
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