Sobre Niterói, informações do mapa de violência revelam que índices diminuíram 33% entre 2008 e 2010 e município aparece em 41º no ranking das 92 citadas pelo estudo no RJ
Os resultados da pesquisa Mapa da Violência 2012, realizada pelo Instituto Sangari, apontaram que o número de homicídios no País praticamente dobrou, saindo de 11,7 por cem mil habitantes para 26,2, em 2010. A média anual de mortes por homicídios no país supera o número de vítimas de enfrentamentos armados no mundo.
Com mais assassinatos que o Brasil, apenas El Salvador, Colômbia, Ilhas Virgens, Venezuela e Guatemala. Mesmo assim há motivos para comemorar. Segundo a pesquisa, Niterói e São Gonçalo não fazem parte deste panorama negativo.
As informações do mapa revelam que os índices de homicídio em Niterói diminuíram 33% entre 2008 e 2010. Niterói é a 41º cidade no ranking das 92 do Estado envolvidas no estudo. A Vizinha, São Gonçalo, está em 28º lugar, uma posição antes do Rio de Janeiro (29º). Mesmo assim, os Gonçalenses também podem comemorar a retração de 20% na taxa de homicídios, que passou de 340 (2002) para 202 registrados em 2010.
Para o especialista em segurança pública Daniel Raizman, professor adjunto de Direito Penal e Criminologia do curso de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), doutor em direito pela UERJ e em Ciências Penais pela UCAM, as pesquisas apresentadas indicam uma redução significativa de homicídios mas elas precisam ser analisadas em conjunto com o registro de encontros de cadáver e ossadas.
Para ele, as atuais políticas de segurança pública, que englobam as propostas de desarmamento da população e o controle de espaços tradicionalmente esquecidos pelo poder público tem implicado uma redução de confrontos violentos entre grupos criminosos, seja do tráfico ou da milícia.
“O monopólio do uso ostensivo da força pelas agências de segurança pública tem feito com que nas comunidades dominadas por criminosos comecem a atuar sem armas, provocou o declínio de enfrentamentos e conseqüentemente de mortes”, explicou.
O especialista disse ainda que a intervenção estatal deve vir acompanhada de políticas públicas que permitam inserir socialmente a população que fazia do uso de armas e da criminalidade violenta a sua profissão. “Se a inclusão territorial não for acompanhada de inclusão social, a população carente das comunidades também terá que migrar”, resume.
Prática - Para o Tenente Coronel Sérgio Mendes Alonso, do 12º BPM (Niterói), os índices ainda são modestos. “Acredito que essa diminuição ainda é pouco expressiva. Quero transformar Niterói em uma cidade modelo em termos de segurança pública e pretendo registrar índices mais contundentes na diminuição da criminalidade na cidade”, revelou.
Já para o Tenente Coronel Djalma Beltrami, Comandante do 7º BPM (São Gonçalo), o resultado da pesquisa é motivo de maior empenho para a Corporação.
“Apesar desses crimes serem cometidos, na maioria das vezes, em momentos e locais onde a Polícia Militar não está presente, e de trazer consigo problemas não só de segurança mas também de caráter social, acredito que o decréscimo das taxas seja mais uma razão para motivar o Batalhão a levar os índices para o menor que nos for possível”, ponderou.
Uniformização - Segundo Julio Jacobo, diretor de pesquisa do Instituto Sangari, apesar do aumento das taxas de uma forma geral, a violência no país ficou estagnada nos últimos dez anos.
“O que pudemos perceber foi uma uniformização da violência. Em algumas localidades os índices subiram, mas em contrapartida em outras eles diminuíram, como foi o caso de Niterói e São Gonçalo”, avaliou.
Para ele, as perspectivas são animadoras mas a violência precisa ser combatida, como qualquer epidemia
“A tendência é que as taxas continuem a cair em função dos investimentos feitos na repressão á criminalidade, como o Plano Nacional de Segurança Pública lançado em 2000”, considera. Para conter os índices, é preciso investir em prevenção e cuidados com o contágio, como se faz com doenças contagiosas”, ponderou.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro informou, através da assessoria de imprensa, que não tem dados sobre as chamadas registradas pelo 190 com denúncia de homicídios em Niterói e São Gonçalo registradas em 2011 e preferiu não comentar a pesquisa. A Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro também optou por não comentar os resultados da pesquisa.
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