Ex-oficial da Força Aérea, Hosni Mubarak era o presidente egípcio há maior tempo no poder - quase 30 anos - desde Muhammad Ali, no início do século XIX. Era ainda um dos chefes de Estado mais antigos do mundo árabe.
Mubarak tornou-se presidente após o assassinato de Anwar el-Sadat, em 1981, quando passou a governar o país por decreto. Desde então, já escapou de ao menos cinco tentativas de assassinato. Apesar de prometer reformas econômicas, deixou o Egito mergulhar na pobreza e no desemprego, dois dos motivos que levaram milhares de pessoas a protestar desde o dia 25 de janeiro nas ruas do país.
Com o poder em poucas mãos, a liberalização econômica que o país iniciou há duas décadas enriqueceu apenas um punhado de partidários de Mubarak e aumentou as diferenças sociais. Nas relações internacionais, promoveu a paz e, mais recentemente, realizou reformas econômicas - sempre como uma linha-dura em relação aos grupos de oposição.
Mubarak venceu a primeira eleição presidencial da qual tomaram parte vários candidatos, em 2005. Grupos de defesa dos direitos humanos e observadores disseram que a votação foi marcada por irregularidades.
Na eleição parlamentar realizada em novembro de 2010, o partido governista obteve cerca de 90% das cadeiras, enquanto o principal partido islâmico perdeu todas as suas 88, o que assegurou a Mubarak apoio total do Parlamento e aumentou seu controle sobre o poder.
Com os anos e diante da repressão, muitos egípcios foram se inclinando em favor proscrita Irmandade Muçulmana. A ameaça do eventual avanço do grupos islâmico, porém, acabou servindo para Mubarak reforçar seu poder, se livrando da pressão dos Estados Unidos e de outros aliados ante o risco de que radicais assumissem o poder.
Mubarak se sustentou no poder sem nunca ter sido um líder amado pelo povo. Até o início dos protestos, nunca havia nomeado um vice-presidente - o primeiro foi Omar Suleiman, já em meio à crise política. Sua intenção era se reeleger em setembro ou colocar o filho Gamal como seu sucessor. Mas os protestos acabaram alterando seus planos e, nesta sexta-feira, ele entregou de vez a Presidência.
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