Não é normal um time treinado por Muricy Ramalho sofrer meia dezena de tentos em 90 minutos. Não parecia normal Ronaldinho Gaúcho jogar de tal forma que em alguns momentos parecia o do Barcelona. Como no gol de falta, semelhante ao assinalado contra o Werder Bremen, pela Liga dos Campeões, há cinco anos. Jogo raro, raríssimo, por isso tão especial.
Na volta para o segundo tempo, perguntado sobre no que achou dos primeiros 45 minutos, quando o Santos abriu 3 a 0 e levou o empate depois de perder um pênalti, o técnico santista foi direto: "Para o público está muito bom". Claro que pare ele não estava, seu time não funcionou com o meio-campo sem "pegada" formado por Arouca, Íbson (que estreou mal), Elano e Ganso.
Com o setor fundamental do time marcando pouco (fez apenas 12 desarmes), o Santos tornou o jogo mais equilibrado porque tem Neymar. A vitória do Flamengo não ofusca a noite de espetacular futebol desse rapaz. Passe sensacional para o segundo gol de Borges e um de almanaque.
Os santistas fizeram dez faltas a mais que os rubro-negros (19 a 9), que roubaram a bola 27 vezes. Juntos os times alcançaram 39 desarmes. O Corinthians, líder do campeonato, já chegou a mais de 40 nesse Brasileiro. Esses números ajudam a entender o que vimos em campo. Times agressivos e com muitos bons e ótimos jogadores.
Ganso ficou devendo, Elano também, apesar do belo passe para Borges abrir o placar. Ronaldinho foi ben coadjuvado por Thiago Neves e até Deivid, que perdeu gol incrível, mas fez um participou bem na jogada do quinto tento, em bela roubada de bola feita por Bottinelli. Por sinal, o quarto do Flamengo também nasceu de bola recuperada no campo ofensivo pelo argentino em parceria com o incrível e incansável Williams, perfeito na metade final do segundo tempo, quando parou Neymar.
Não acredito que Muricy mantenha esse meio-campo, especialmente diante de adversários mais fortes, como o Flamengo. Henrique e Adriano pedem passagem, Elano e Íbson que abram os olhos. Vanderlei Luxemburgo faz seu melhor trabalho nos últimos anos. Se parar de tropeçar, vai brigar pelo título.
Sei que um dia eu contarei aos netos que testemunhei Santos 4 x 5 Flamengo na Vila Belmiro. Inesquecível.
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